Gabriela Polidoro Lima
– UX Designer & Content Writer –
Desde que as redes sociais surgiram, há mais de dez anos, os utilizadores habituaram-se a um formato padrão: funcionalidades gratuitas para todos – com algumas diferenças de acordo com o perfil de cada um – e a possibilidade de monetização através dos seus dados criando publicidade personalizada.
Mas, de acordo com notícias divulgadas recentemente, o mercado começa a dar indicadores que esse formato pode estar com os seus dias contados.
Gabriela Polidoro Lima
– UX Designer & Content Writer –
Desde que as redes sociais surgiram, há mais de dez anos, os utilizadores habituaram-se a um formato padrão: funcionalidades gratuitas para todos – com algumas diferenças de acordo com o perfil de cada um – e a possibilidade de monetização através dos seus dados criando publicidade personalizada.
Mas, de acordo com notícias divulgadas recentemente, o mercado começa a dar indicadores que esse formato pode estar com os seus dias contados.
A exemplo de plataformas de áudio como o Spotify, e Streamings como a Netflix e a Disney +, as redes sociais também estão a caminhar para a oferta de subscrição em troca de benefícios exclusivos àqueles que aceitarem pagar para manterem-se ativos.
Recentemente, Mark Zuckenberg divulgou na sua própria página do Instagram a novidade Meta Verified, a versão da plataforma para utilizadores que aceitarem pagar um valor mensal para terem acesso a funcionalidades exclusivas. A opção estará disponível tanto no Facebook como no Instagram, com subscrições separadas e os primeiros testes já iniciaram, primeiramente na Nova Zelândia.
Mas não é só a Meta que está a divulgar essa novidade. Esse novo formato de utilização das redes sociais tornou-se popular nos últimos anos, como forma de diversificação dos negócios, que dependem em grande parte de publicidade. Ainda em 2022, Mark já havia dado uma pista sobre essa novidade quando anunciou que o Meta Group iria investir mil milhões de dólares para ajudar os criadores a gerar mais renda através da monetização do seu conteúdo. O Snap Inc. tem uma oferta chamada Snapchat Plus, e o Twitter Inc. também está a promover uma oferta de subscrição. A novidade tem movimentado o mercado da tecnologia e gerado opiniões diversas sobre o assunto.
Fonte: Jornal de Notícias
Na rede social Instagram, a assinatura terá o nome de Instagram Subscription e o conceito é bastante simples: os assinantes que desejarem receber conteúdos exclusivos e incentivar os seus criadores favoritos poderão pagar uma taxa de subscrição de 0,99$ a 9,99$ por mês. Para aqueles que aderirem à ideia, terão direito a um pequeno autocolante que estará visível para o criador de conteúdo. Esta técnica (idêntica à do Youtube) permite aos criadores reconhecerem os subscritores pagantes e dedicarem-lhes mais tempo se quiserem.
Adam Mosseri, responsável máximo da marca disse que “os criadores fazem o que fazem para viver e é importante que isto seja previsível. As subscrições são uma das melhores formas de ter um rendimento previsível, que não está ligado à audiência que se recebe num determinado post, que inevitavelmente irá aumentar e diminuir com o tempo“.
Para a rede social mais acessada, há um fator importante de retenção de utilizadores e, por isso, devem aderir a formas de torná-la mais interessante e com conteúdo de mais qualidade. Ter criadores presentes e ativos e empenhados em produzir conteúdo relevante ajuda a aumentar a popularidade da rede.
Por ser uma rede que oferece diversas formas de criar e divulgar conteúdo – fotos, vídeos, reels, stories – o Instagram está certo de que esse formato de subscrição será um sucesso e contará com grande adesão por parte dos utilizadores.
Mas como essas empresas sobreviveram e lucraram sem o modelo de assinatura?
Muitas pessoas já se devem ter questionado sobre como essas grandes empresas detentoras das redes sociais mais populares conseguem manter-se ativas, gerarem receita, obter lucro e criarem CEOs multimilionários.
No desenho inicial das redes o utilizador é o consumidor mas também é o produto, pois é ele quem gera o conteúdo atrativo para a rede. Sem utilizadores, a rede não existe. Essa relação gera uma fórmula difícil de monetizar, pois se a rede precisa do utilizador para existir, por qual razão ele vai aceitar pagar para estar presente?
Uma maneira de gerar lucro para as empresas é a venda de informações dos utilizadores a outras empresas e marcas que querem criar um diálogo com esse público a fim de vender produtos e criar adesão às marcas. Mas para alcançar esses utilizadores as empresas necessitam de informações sobre eles, para se aproximar e gerar conexão. E a forma com a qual eles fazem isso é através da coleta de dados que os utilizadores deixam nas redes sociais, aqueles pequenos rastros ou pegadas de atividades que ficam registados nas plataformas: gostos pessoais, interesses, ou seja, toda e qualquer informação que o famoso algoritmo pode utilizar para aproximar e conectar com cada utilizador de forma mais particular e personalizada.
Possibilitar posts patrocinados e utilizar celebridades e pessoas influentes para divulgar produtos e marcas de forma “espontânea”, também são formas de gerar receita através de marcas e empresas que acreditam que estar presentes nas redes sociais é uma forma garantida de vender produtos e ganhar seguidores e consumidores.
Após isso, o próximo passo parece ser um dos modelos de monetização mais frequentes online, o da subscrição, à semelhança de diversas outras plataformas de áudio e vídeo. Nesse formato, há a possibilidade de aceder de forma gratuita mas há algumas funcionalidades e benefícios que são disponibilizados apenas para os assinantes.
Fonte: Unsplash
A app sueca Spotify, por exemplo, permite que o utilizador ouça músicas de forma gratuita, mas continua a ter de ouvir publicidade de tempos a tempos. Se o mesmo optar por aderir a versão paga, tem acesso a funcionalidades como pular músicas, escolher o que quer ouvir a seguir, criar playlists e navegar livremente sem interrupções. Ao tratar-se da recolha de dados dos utilizadores, em ambos os formatos, a plataforma utiliza as informações de atividade dos ouvintes para personalizar o serviço e melhorar a aplicação, desenvolvendo novas funcionalidades, corrigindo problemas, inclusive para finalidades publicitárias. Ou seja, sendo um utilizador que paga ou não, os dados de atividade serão utilizados para “alimentar” e evoluir a própria plataforma.
Já na plataforma de streaming Netflix, não existe uma modalidade gratuita, ou seja, só se pode aceder ao conteúdo se assinar alguma das modalidades de assinatura oferecida. Apesar de ser permitido ao utilizador ativar e cancelar a subscrição sempre que quiser, sempre que o faz perde acesso a todos os conteúdos. Nesse caso, o utilizador não é proprietário dos filmes e séries do Netflix, semelhante ao que acontece em outras plataformas como o Spotify e o Youtube.
O próprio Facebook, ainda em 2018, já havia considerado uma versão de assinatura sem posts patrocinados ou qualquer publicidade, priorizando apenas o conteúdo de interesse para o utilizador.
Meta Verified
Sobre a qualificação para o Meta Verified no Instagram, ainda não está disponível para todos os países e requer alguns pré-requisitos para adesão:
– Ter pelo menos 18 anos de idade;
– Ter perfil individual;
– Seguir com rigor os termos de uso e diretrizes da comunidade – no caso de violação os benefícios serão desabilitados;
– Ter perfil público ou privado, estar associado ao seu nome completo, estar de acordo com os padrões de nome e ter uma foto de perfil que inclua seu rosto;
– Atender aos requisitos mínimos de atividade, como o histórico de publicações anteriores;
– Ter um documento de identificação emitido pelo governo que corresponda ao nome e à foto em seu perfil, compatíveis com seu verdadeiro nome que consta no perfil. Quando seu perfil for verificado, você não poderá alterar o nome de usuário, o nome do perfil, a data de nascimento ou a foto no seu perfil.
Na plataforma oficial da marca, constam as informações das vantagens da subscrição, para aqueles que optarem por aderir a essa nova modalidade:
Verificação
Ajude a sua comunidade a saber quem você é de verdade com um crachá verificado, que usa um processo de verificação com uma identidade do governo para estabelecer com segurança a autenticidade de sua conta.
Proteção de conta proativa
Obtenha proteção contra falsificação de identidade com monitoramento de conta proativo e proteja a sua conta com autenticação de dois fatores necessária. “proteção proativa da conta, acesso à assistência de conta e maior visibilidade e alcance”, de acordo com a Meta, num comunicado citado pela EFE.
Recursos exclusivos
Obtenha adesivos exclusivos no Facebook e Instagram Stories e Facebook Reels e 100 estrelas por mês no Facebook para que você possa mostrar o seu apoio a outros criadores.
Suporte direto à conta
Obtenha ajuda quando precisar de uma pessoa real em problemas de conta comuns que são importantes para si.
Fonte: Meta
Quanto às vantagens, a SEGURANÇA é uma das mais relevantes, pois oferece garantia de proteção da identidade dos utilizadores e acesso direto aos serviços de apoio ao cliente. Esta nova funcionalidade tem como objetivo aumentar a autenticidade dos serviços, proteção extra contra roubos de identidade e contas falsas. Através de assinatura, a Meta irá exigir aos utilizadores que confirmem a sua identidade com um documento de identificação oficial, de modo a poderem receber o “selo de verificação”.
Mais RENTABILIDADE também é uma vantagem desejada principalmente pelos criadores de conteúdo, pois as subscrições são “uma das melhores maneiras” de influenciadores e criadores terem um “rendimento previsível”. Adam Mosseri explica que “as assinaturas permitem que os criadores monetizem e se aproximem de seus seguidores por meio de experiências exclusivas. Cada influenciador vai conseguir saber quem são os seus seguidores premium, através de uma espécie de crachá roxo que acompanhará o nome do utilizador.”
Além de segurança e rentabilidade, a VISIBILIDADE parece ser o benefício mais valioso por ser cada vez mais difícil, atualmente, o aumento da visibilidade nas plataformas sociais, mesmo entre os próprios seguidores. Para isso, a Meta Verified promete funcionalidades exclusivas para que os influenciadores possam se expressar de forma única, alcançando mais destaque no botão “Explorar”, nos comentários e também nas recomendações.
Mas afinal, qual o CUSTO para aderir ao Meta Verified?
De acordo com a agência EFE, a subscrição terá um custo mensal de 11,18 euros (11,99 dólares) ou 13,98 euros (14,99 dólares), caso seja comprada através da aplicação iOS, e dirige-se sobretudo a criadores de conteúdos.
O consumidor vai pagar mais pelo conforto de uma experiência cada vez mais online que pode chegar à mobilidade.
Depois de perceber como o formato de subscrições funciona, pode-se concluir que esse processo não deixa de ser um compromisso estabelecido entre empresa/plataforma e utilizador, não meramente a criação de uma conta. Envolve pagamento, troca de informações e permissões que criam um vínculo muito mais forte entre as partes. O processo de cancelar uma subscrição pode ser muito mais moroso do que simplesmente apagar uma conta de rede social.
Será esse o futuro inevitável das redes sociais?
Ao considerar que utilizadores ao redor do mundo já estão habituados a esse tipo de formato de consumo com Spotify e streamings como Netflix, HBO, Amazon Prime e Disney Plus, parece mesmo ser esse um caminho natural também para as redes sociais. É um facto que essas plataformas não são redes sociais, mas foram as primeiras a oferecer condições e serviços especiais aos subscritores, estabelecendo que utilizadores estão sim dispostos a pagar para obter vantagens e benefícios ou até mesmo não se incomodar com publicidades e interrupções em seus momentos de lazer e diversão.
Até mesmo o LinkedIn, rede focada em contatos profissionais, e pertencente à Microsoft, com 722 milhões de utilizadores e recordes de receitas anunciados este mês – já oferece a assinatura premium que promete benefícios para aumentar sua rede de contactos (networking) e mais probabilidade de conseguir uma oportunidade de trabalho adequada.
Poderá ser essa uma tendência a expandir-se para mais segmentos como o retalho e a alimentação? Será que este modelo deixará de ser uma ideia e passará a ser o novo normal num futuro próximo? O que podemos esperar para o futuro das redes sociais? Com a velocidade e o dinamismo que esse universo digital evolui, saberemos muito em breve!