Catarina Alves de Sousa
– Social Media Manager –
O streaming veio para ficar e – aparentemente – para se multiplicar. Os nossos hábitos de consumo estão a ser moldados por diversas plataformas de streaming e nós utilizadores, cada vez mais, aceitamos o shift de bom grado.
Não falemos sobre o streaming como algo novo; afinal, ele já nos acompanha há longos anos, apenas começámos agora a apercebermo-nos de que ele se instalou nas nossas vidas de forma permanente.
Mas antes de continuarmos, recordemos o que é efetivamente o streaming.
Portanto, como prever o futuro da tecnologia e o próximo grande passo? A resposta pode ser mais fácil do que parece: voltando um pouco às origens. Mais especificamente, voltando ao uso da voz.
Catarina Alves de Sousa
– Social Media Manager –
O streaming veio para ficar e – aparentemente – para se multiplicar. Os nossos hábitos de consumo estão a ser moldados por diversas plataformas de streaming e nós utilizadores, cada vez mais, aceitamos o shift de bom grado.
Não falemos sobre o streaming como algo novo; afinal, ele já nos acompanha há longos anos, apenas começámos agora a apercebermo-nos de que ele se instalou nas nossas vidas de forma permanente.
Mas antes de continuarmos, recordemos o que é efetivamente o streaming.
Portanto, como prever o futuro da tecnologia e o próximo grande passo? A resposta pode ser mais fácil do que parece: voltando um pouco às origens. Mais especificamente, voltando ao uso da voz.
Streaming é um método de transmissão ou receção de dados (especialmente em áudio ou vídeo) através de uma rede de computadores como um fluxo constante e contínuo, permitindo que a reprodução seja iniciada enquanto os restantes dados ainda estão a ser recebidos.
Ou seja, não é necessário fazer download dos ficheiros para poder reproduzi-los e estarão disponíveis on-demand sempre que desejar visualizá-los ou ouvi-los.
Fonte: Pexels – Cottonbro Studio
Hoje em dia, é impossível pensarmos em streaming sem pensarmos automaticamente na gigante Netflix, mas grande parte do conteúdo proveniente deste tipo de consumo é, na realidade, consumido via Youtube, com 230.6 milhões de utilizadores mensais, facilmente ultrapassando os 177.7 milhões da Netflix.
Vantagens e Desvantagens do Streaming
A comodidade de podermos ver e ouvir aquilo que desejamos à distância de uns meros cliques é inegável e sem precedente. Recorda-se de quando era criança e tinha que esperar que os seus programas favoritos passassem na televisão? Lembra-se de esperar impacientemente pela hora certa de transmissão? Esta poderá ser uma memória demasiado distante (se existente) para as crianças da nova geração. O streaming coloca os nossos conteúdos de eleição à nossa disposição, na maioria dos casos, instantaneamente e prontos para visualização quando os desejarmos.
Esta é uma das maiores vantagens do streaming, a comodidade e o facto de podermos consumir os conteúdos ao nosso próprio ritmo, sem o termos monopolizado por estações de televisão. Porém, criámos um reverso para esta medalha através do binge-watching, a visualização compulsiva de séries. A diferença é que o tempo que passamos a consumi-las é uma escolha nossa enquanto consumidores.
É interessante que quase todas as vantagens em sermos consumidores de conteúdos de plataformas de streaming podem ser contra-argumentadas com uma desvantagem.
Termos acesso sem limites a conteúdo quase infindável, pode causar:
- uma distração pouco saudável de tarefas, estudos ou trabalho;
- isolamento social (ainda que, em tempos de pandemia e de confinamento, a Netflix e semelhantes tenham melhorado substancialmente o nosso tempo obrigatoriamente passado em casa);
- negligência de outros hobbies;
- “decision fatigue”, um termo que se traduz na ideia de que, quando se enfrentam demasiadas escolhas, acabamos por piorar a nossa capacidade de fazermos as escolhas certas noutros contextos mais decisivos do que escolher o que ver numa plataforma de streaming.
Agora que já foram expostos alguns aspetos menos positivos, vejamos agora porque é que o mundo está tão obcecado pelo Mundo do streaming de filmes e séries:
- como já mencionámos, podemos ver o que quisermos quando quisermos;
- podemos explorar novas séries e filmes sem compromisso;
- conseguimos conhecer histórias, línguas e culturas que dificilmente conheceríamos de outra forma;
- de forma geral (e individual), as plataformas de streaming são financeiramente acessíveis;
- o aspeto personalizável é bastante atrativo, especialmente para Millennials e Gen-Z.
O Mundo todo à distância de um clique
Greg Peters, COO & Chief Product Officer da Netflix, afirmou em pleno WebSummit 2018 que:
As grandes histórias podem vir de qualquer lugar e podem viajar a todo lado.
A afirmação veio a propósito da internacionalização de séries, filmes e documentários realizados em partes do Mundo que, geralmente, não chegam a atingir reconhecimento noutras partes do Globo. Até há pouco tempo, apenas grandes produções “hollywoodescas” chegavam a altos níveis de fama e reconhecimento, mas graças às apostas pioneiras da Netflix em séries como, por exemplo, a alemã Dark, a espanhola Casa de Papel, a sul coreana Squid Game ou a francesa Lupin, os subscritores da plataforma (uma considerável percentagem do Mundo), pôde embrenhar-se em histórias e culturas que, não sendo as suas, certamente os enriqueceram de uma forma inesquecível.
Fonte: Série Dark – Netflix
E por falar em apostas pioneiras pelo mundo do streaming, o que dizer da produção de conteúdo próprio com o cunho Netflix?
Netflix: passado e futuro
1997 | Marc Randolph e Reed Hastings criaram a Netflix como uma empresa de aluguer de filmes |
2007 | Dá-se a transição para o streaming |
2017 | Primeira produção Netflix a ganhar um Óscar (The White Helmets) |
A história da Netflix enquanto pioneira das grandes plataformas é francamente admirável e, à data, ainda se mantém no top em primeiro lugar no que diz respeito ao número de utilizadores. Apesar disto, 2022 foi também o primeiro ano em que número de subscritores mundiais da Netflix desceu. O aumento da concorrência por parte de outras plataformas será uma das razões, com nomes como Amazon Prime, HBO Max, Disney+, Hulu e Peacock a competirem ferozmente pelos clientes da Netflix.
A verdade é que o modelo de subscrição Netflix acabou por abrir o caminho para que mais pessoas explorassem outras empresas de streaming. Sabe-se agora que 41% dos utilizadores da Netflix usa a plataforma através de uma conta paga por outro utilizador, dentro ou fora da sua habitação ou agregado familiar.
Fonte: Pexels – Johnmark Smith
Na prática, o que acaba por acontecer é que alguns desses mesmos utilizadores criam contas noutras plataformas, partilhando as passwords com os utilizadores que partilharam a da Netflix com eles. É certamente uma forma de poupar dinheiro e multiplicar o número de conteúdos a que é possível ter acesso, mas a gigante do streaming já começou a planear a sua “vingança” e espera-se que, em 2023, a Netflix lance um novo modelo de subscrição mais barato e com publicidade. Para além disso, vai começar a cobrar taxas adicionais aos detentores das contas caso detete a partilha de password com outros utilizadores.
Streaming vs. Televisão: eis a questão
No que diz respeito à qualidade dos programas, das séries e dos filmes, não é que esta esteja a decrescer na televisão. Porém, há um fator muito poderoso que determina a grande maioria das escolhas dos utilizadores quando as opções são entre uma plataforma de streaming e a televisão: o tempo.
O tempo é a verdadeira moeda de troca dos tempos modernos, o nosso bem mais raro. No fundo, é por ele que trabalhamos; para o ter com aqueles que mais amamos ou para termos mais dele para nos dedicarmos às nossas verdadeiras paixões. Já há muito que não vivemos numa época em que temos que aguardar pacientemente pelos episódios de programas que seguimos quando vemos televisão.
Graças à possibilidade de gravar programas nas nossas box. Por outro lado, ainda conseguimos gastar muito tempo em maratonas de zapping à procura de coisas interessantes para ver.
Numa plataforma de streaming, está tudo à frente dos nossos olhos mal a abrimos; todo esse mundo de programas com as suas capas e breves resumos que nos dão quase toda a informação de que precisamos antes sequer de lhes darmos uma oportunidade. Para além disso, existem as recomendações, a personalização dos conteúdos, que nos faz sentir que entramos numa autêntica galeria de conteúdos curados só para nós, só que em vez de um curador humano, existe um algoritmo inteligente que aprende com as nossas escolhas e classificações
Cravando mais um prego no caixão metafórico da televisão, a plataforma de streaming com mais utilizadores no Mundo – o Youtube – vai lançar uma novidade nas próximas semanas: um redesign inspirado na TV. Ao modo escuro, serão adicionados botões agora redondos para convidar os likes e subscrições nos canais, bem como a nova opção de aumentar o zoom nos detalhes de um vídeo.
De uma forma geral, pode-se dizer que estes pequenos detalhes farão uma diferença subtil, mas impactante não só na vida diária dos espectadores, mas também nos resultados dos criadores de conteúdo que o submetem nesta plataforma.
O engagement e a experiência de utilizador aliados ao conforto e à nostalgia da experiência da TV, mas com um maior controlo.
Dos muitos confortos em forma de novos desenvolvimentos de design que o Youtube irá lançar nas próximas semanas, agora o utilizador pode escolher o ponto do vídeo, deslizando a barra inferior com o polegar, sem acionar um monte de outros controles que o distraem.
No fundo, é isso que o streaming está cada vez mais a levar ao utilizador: mais tempo e mais controlo daquilo que escolhe ver.
Então, é este o futuro?
Bem, parte dele sim; a luta pelo foco do utilizador não só continuará, como se intensificará e a pergunta “Ainda está a ver?” ser-nos-à colocada por cada vez mais plataformas a meio do 6º episódio seguido de uma das séries que andamos compulsivamente a devorar.
E por falar em plataformas, é bem provável que – com o tempo – os consumidores deste tipo de entretenimento vão abandonando as suas lealdades a marcas ou a empresas de streaming para irem cada vez mais atrás de títulos imperdíveis; se Stranger Things continuar na Netflix, aqui está uma subscrição; se House of Dragon e Euphoria se mantiveram pela HBO Max, lá estará outra.
Noutra nota, o futuro é – no mínimo – interessante. Se o panorama atual é o que é, com toda a oferta que existe e novas plataformas de streaming a nascer como cogumelos, imagine-se o futuro… E o futuro de que falamos não é necessariamente longínquo. A inovação, tal como a própria vida, parece mover-se a uma velocidade supersónica, pelo que esperamos novidades verdadeiramente entusiasmantes muito em breve.
Fonte: How to Geek
De uma coisa temos a certeza: que o futuro é garantidamente fragmentado e, sim, que as plataformas de streaming vieram decididamente para ficar, para se multiplicar e a previsão é que esta continue a ser uma indústria em expansão, prevendo-se que venha a valer 330 mil milhões de dólares em 2030.
Até lá, ainda estará a ver?